Infestação de pragas nas indústrias de macarrão e massas
- Ricardo Gattas
- há 4 dias
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O conceito de Controle Integrado de Pragas (CIP) destaca a integração de diversas estratégias e medidas de controle, formando um sistema de gestão completo destinado a impedir que as pragas atinjam níveis prejudiciais.
Esse conceito deve ser aplicado em fábricas de massas, assim como em qualquer outra indústria alimentícia, a fim de prevenir infestações que possam resultar em impactos econômicos e comerciais negativos para a marca, além de representar riscos à saúde do consumidor final.
A gestão eficiente de pragas em produtos armazenados depende do monitoramento contínuo das populações de insetos, da manutenção de registros precisos para embasar decisões de controle e da implementação e manutenção de um conjunto de estratégias robustas previstas pelo Programa CIP.
O primeiro passo é o engajamento de gerentes de armazéns, gestores de fábricas, supermercados e pontos de venda no processo do Programa CIP. Sem esse comprometimento todo o programa fica frágil e os resultados são pífios. Uma vez que todos estão cientes da importância de fortalecer cada elo dessa corrente, então podemos seguir para colher bons resultados na mitigação de pragas, inclusive com a redução de uso de inseticidas.
Esses elos desta corrente estão descritos abaixo:
1. Melhorar a infraestrutura das fábricas e armazéns, com vedação de frestas e trincas, reposição de revestimentos e eliminação de vazamentos (secos ou úmidos), é uma medida básica, porém essencial, para dificultar o acesso e a permanência de pragas.
2. Manter condições higiênicas adequadas, muitas vezes negligenciadas, é outro pilar fundamental para a prevenção de infestações.
3. Melhorar os procedimentos de limpeza, por meio do treinamento das equipes, com foco na higienização de áreas de difícil acesso, onde o acúmulo de resíduos pode representar uma fonte de contaminação cruzada. Recomenda-se o uso de aspiradores industriais com acessórios específicos para garantir a remoção eficaz de resíduos nesses locais críticos.
4. Manter os setores de embalagem sempre limpos é igualmente importante, pois resíduos nessa etapa podem favorecer o aparecimento de pragas e comprometer a segurança dos produtos.
5. Inspeções contínuas no interior de equipamentos como esteiras transportadoras, silos dosadores, roscas, elevadores, tubulações, pés de equipamentos, painéis elétricos e secadores, são fundamentais para identificar pontos críticos e prevenir focos ocultos de infestação.
6. Inspeções regulares das matérias-primas e produtos acabados possibilitam a detecção precoce de infestações, reduzindo os riscos de contaminação em larga escala.
7. Técnicas de monitoramento, como o uso de armadilhas com feromônios e atrativos alimentares, aplicadas em áreas estratégicas, como o armazenamento de matérias-primas e os setores posteriores aos processos de extrusão.
Atualmente, há armadilhas eficazes para a detecção de adultos de Ephestia spp., Plodia spp. e outras traças dos cereais, além de dispositivos específicos para Lasioderma serricorne e Tribolium spp.
Embora as armadilhas para Tribolium apresentem eficácia limitada em alguns casos, as demais têm se mostrado valiosas para gerar indicadores confiáveis e subsidiar a tomada de decisões no controle de pragas.
Nessas situações, o monitoramento visual e as inspeções periódicas de resíduos, sinais de atividade e insetos vivos têm fornecido dados mais precisos sobre a gravidade das infestações.
8. Melhorar os aspectos relacionados às embalagens é fundamental, pois insetos frequentemente penetram nos produtos por meio de microfuros utilizados para a retirada de ar durante o empacotamento, por falhas na selagem ou por danos mecânicos sofridos durante o transporte.
Quando esses produtos são armazenados em ambientes infestados, ocorre o risco de contaminação cruzada, com a migração de larvas ou adultos de produtos infestados para produtos íntegros através desses orifícios.
Em resumo, o controle eficaz de pragas depende de uma abordagem integrada que contemple todas as etapas do ciclo produtivo — desde a compra das matérias-primas até a distribuição do produto final — incluindo o transporte em caminhões e o retorno de produtos avariados ou contaminados ao longo da cadeia logística.
Fluxograma do processo produtivo e seus riscos envolvidos:
1. Recebimento e análise da matéria-prima
· A primeira etapa crítica é a análise da qualidade da sêmola ou farinha. No entanto, detectar infestações nessa fase é um grande desafio.
· Amostras aleatórias de sacarias ou caminhões não são suficientes para garantir a ausência de ovos ou larvas.
· Insetos adultos como Tribolium e Cryptolestes só são visíveis em cargas altamente infestadas.
2. Armazenamento da matéria-prima
· Uma vez adquirida, a farinha contaminada pode introduzir insetos e seus fragmentos no início do processo. Esses contaminantes passam a integrar o fluxo de produção.
· Ambientes mal higienizados, com acúmulo de resíduos ou sêmola aderida, favorecem a proliferação de pragas durante a primavera e verão, mesmo fora da planta industrial.
3. Mistura, extrusão e modelagem
· Apesar da presença inicial de insetos ou ovos, essa etapa representa uma barreira sanitária natural. O processo de mistura, alta pressão nas extrusoras, estiramento da massa e temperaturas elevadas, geralmente, inativam qualquer inseto vivo. O que permanece são fragmentos de insetos, evidenciando má qualidade da matéria-prima ou infestações anteriores.
4. Secagem
· Após a moldagem, a massa passa pelo processo de secagem, fase em que pode ocorrer contaminação cruzada.
· Apesar dos modernos sistemas de secagem, resíduos de massa frequentemente caem no chão, especialmente ao final das esteiras, servindo de atrativo para pragas como baratas (Blattella germanica), traças (Ephestia spp, Plodia spp), moscas (Musca domestica) além de besouros micetófagos como Typhaea stercorea e ácaros.
5. Armazenamento intermediário (pré-embalagem)
· Massas curtas, como penne ou parafuso, costumam ser armazenadas temporariamente antes da embalagem final. Se o ambiente não for controlado, pode haver infestação severa. Pragas como Plodia interpunctella, Rhyzopertha dominica, Sitophilus spp. e Tribolium spp., Lasioderma serricorne, Oryzaephilus spp, Ahasverus spp podem colonizar rapidamente esses espaços.
6. Embalagem
· A etapa de embalagem exige rigor absoluto em higiene e vedação. Mesmo na ausência visível de insetos, há risco de empacotar massas contaminadas por ovos ou fragmentos. Portas e janelas mal vedadas, além de equipamentos mal higienizados, favorecem a entrada de pragas.
7. Armazenamento e distribuição
· Durante o armazenamento na fábrica, em centros de distribuição ou no varejo, massas embaladas podem ser infestadas se forem armazenadas próximas a produtos contaminados, como arroz ou farinha.
· A vida útil prolongada (até 3 anos) permite que diversas gerações de pragas se desenvolvam dentro da embalagem, especialmente se houver microfuros causados por sistemas de retirada de ar.
8. Comercialização e pós-venda
· Estudos apontam que a maioria das reclamações de consumidores ocorre após a saída do produto da fábrica. Inspeções em supermercados e mercearias revelam prateleiras empoeiradas e infestadas, demonstrando falhas nas condições de armazenamento no ponto de venda.
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