Você sabe onde as pragas se escondem na sua fábrica de alimentos para cães e gatos?
- Ricardo Gattas
- há 2 dias
- 5 min de leitura
Conhecimento técnico é a chave para evitar prejuízos e contaminações.
Em cada etapa da produção – do recebimento da matéria-prima até a expedição – há pontos críticos que, se negligenciados, podem favorecer a entrada, abrigo e proliferação de pragas como carunchos, traças, Necrobia rufipes, moscas, roedores e baratas.
Cada inseto possui requisitos específicos para sua proliferação. Conhecer esses fatores faz toda a diferença durante uma inspeção técnica em uma fábrica de alimentos para cães e gatos.
Por exemplo, o caruncho Oryzaephilus surinamensis e o Ahasverus advena têm uma exigência maior por umidade. Assim, a presença desses insetos pode indicar falhas no controle de umidade em algum ponto da fábrica, como infiltrações no telhado, goteiras ou acúmulo de água em áreas específicas.
O mesmo raciocínio se aplica à presença de psocópteros e ácaros. Muitas vezes, a umidade excessiva está relacionada a vazamentos em tubulações embutidas no piso ou na parede, ou ainda ao mau funcionamento do sistema de ar-condicionado, que, em vez de eliminar a umidade, acaba devolvendo-a ao ambiente interno. Isso cria microambientes ideais para a proliferação desses artrópodes, que posteriormente podem se espalhar por outras áreas da fábrica.
Por isso, o conhecimento aprofundado sobre as características e preferências de cada praga é uma atribuição essencial da equipe técnica responsável pelo controle de pragas na indústria.
Neste post, vou apresentar um fluxograma genérico das etapas de fabricação de alimentos para cães e gatos, destacando os principais artrópodes que costumam infestar esses ambientes.
Não abordarei, neste momento, os roedores e as baratas, que também são pragas frequentes nesse tipo de indústria. Esses temas podem ser tratados em outra oportunidade, a fim de manter o post mais objetivo e conciso.
Normalmente, os insetos que infestam esse tipo de indústria são conhecidos, nos Estados Unidos e em outros países, como SPI (Stored Product Insects), ou seja, insetos de produtos armazenados, como costumamos chamá-los por aqui.
Os mais recorrentes aqui no Brasil são:
· Ahasveus advena – Coleoptera
· Alphitobius diaperinus - Coleoptera
· Besouros de fungos – Coleoptera
· Besouros Dermestídeos– Coleoptera
· Lasioderma serricorne – Coleoptera
· Necrobia rufipes – Coleoptera
· Oryzaephilus surinamensis – Coleoptera
· Tribolium castaneum – Coleoptera
· Tribolium confusum – Coleoptera
· Corcyra cephalonica – Lepidóptera
· Ephestia spp – Lepidóptera
· Plodia spp – Lepidóptera
· Psocópteros – Psocodea
· Ácaros – Acari
Mapa do Processo Produtivo e os Principais Pontos de Vulnerabilidade à Infestação
Recebimento da Matéria-Prima
o Tombadores, moegas, silos de matéria-prima e armazéns de estocagem
o Nesta etapa, as principais pragas são os carunchos que podem chegar com a matéria-prima já infestada. Por exemplo:
§ Nas leveduras, pode ocorrer a presença de Lasioderma serricorne;
§ Nos cereais, como o milho, podem ocorrer diferentes espécies de carunchos.
§ Ingredientes em pó, como palatabilizantes, também estão sujeitos à infestação por carunchos.
Pré-limpeza e Pesagem
Moagem
Mistura
o Nas três etapas do processo, é comum a ocorrência de infestações por traças dos cereais (Ephestia spp., Plodia spp.) e besouros do gênero Dermestes, devido ao acúmulo de pó gerado. Os besouros Dermestes possuem uma fase larval prolongada, com múltiplas ecdises, e as exúvias resultantes dessas ecdises são alergênicas para cães e gatos.
o Além disso, infestações por carunchos também são frequentes, especialmente devido à dificuldade de higienização de estruturas em áreas elevadas e de equipamentos como redlers, roscas transportadoras e outros pontos de difícil acesso.
Condicionamento e Extrusão
o Nesta etapa ocorre o cozimento da massa sob altas temperaturas e pressão, o que, em geral, elimina qualquer tipo de artrópode, independentemente da fase de desenvolvimento — ovo, larva, pupa ou adulto.
o A partir desse ponto, inicia-se um grande desafio: embora eventuais infestações anteriores sejam eliminadas durante a extrusão, isso não significa que as etapas anteriores possam ser negligenciadas.
o O controle de pragas deve ser implementado de forma abrangente, em toda a fábrica, com o objetivo de mitigar riscos de contaminação cruzada entre setores e garantir a segurança do produto final.
Secagem
o Embora esta etapa envolva calor, já existe a possibilidade de infestação e contaminação do produto, principalmente por carunchos. Isso ocorre devido ao acúmulo de pó e resíduos finos nas estruturas onde os secadores estão instalados.
o Portanto, é altamente recomendável que os gestores da fábrica e os técnicos da empresa de controle de pragas realizem inspeções minuciosas e frequentes, com o objetivo de identificar e eliminar precocemente possíveis focos de infestação.
Revestimento / Engorduramento
Resfriamento
o Aplicação de óleos, palatabilizantes, antioxidantes e resfriamento do produto para prevenção de bolores.
o Essas etapas são consideradas críticas, exigindo atenção especial à higienização dos equipamentos após o uso e à verificação de evidências de presença de insetos nas estruturas onde ocorrem esses processos.
o Qualquer infestação nesse ponto pode resultar na embalagem do produto final já contaminado, com ovos, larvas ou até mesmo insetos adultos.
Embalagem
o Silos pulmão, redlers, elevadores de caneca, balanças, máquinas de ensaque, esteiras e seladoras.
o Essa é uma das etapas mais críticas após a extrusão, pois qualquer infestação nos silos pulmão, redlers, elevadores de caneca ou sistemas de pesagem pode resultar na contaminação direta do produto ensacado. É nesse ponto do processo que frequentemente ocorre a contaminação cruzada, caso haja presença de insetos.
o É essencial realizar inspeções detalhadas no interior dos equipamentos, especialmente nos redlers, silos pulmão e bases dos elevadores de caneca. Não pode haver qualquer sinal de infestação, pois pragas como Necrobia rufipes, Lasioderma serricorne e Tribolium spp. costumam ser encontradas nessas estruturas.
o A natureza contínua da produção dificulta paradas regulares para limpeza e inspeção, o que favorece o fechamento do ciclo de vida dessas pragas antes que qualquer ação corretiva seja implementada. Por isso, o planejamento de janelas técnicas para manutenção preventiva e controle de pragas torna-se fundamental para garantir a integridade do produto final.
o Outro ponto crítico é a integridade da selagem das embalagens. Qualquer falha nesse processo pode permitir a entrada de larvas ou adultos de Necrobia rufipes ou outros insetos durante o transporte, no centro de distribuição, no ponto de venda ou até mesmo na casa do consumidor.
o Além disso, é fundamental avaliar se as válvulas aplicadas nas embalagens, bem como a presença de microfuros ou nanofuros, estão contribuindo para a entrada dessas pragas. Vale lembrar que as larvas de primeiro instar são extremamente pequenas e podem atravessar aberturas de apenas 0,20 mm de diâmetro, representando um risco significativo de infestação.
Armazenagem do Produto Final
o Paletização manual ou robotizada.
o Um dos pontos frequentemente negligenciados, tanto em relação à limpeza quanto à inspeção, são as estruturas dos próprios equipamentos de paletização, além das eletrocalhas e dos painéis elétricos.
o Além disso, os paletes devem ser inspecionados regularmente, garantindo que estejam em boas condições de uso e livres da presença de insetos, especialmente nas frestas da madeira.
Expedição
o Carga em caminhões a partir de docas elevadas.
o Aqui o maior risco é a entrada de moscas e carunchos quando há algum tipo de revoada na área externa.
Eu posso ajudá-los com melhorias na gestão do controle de pragas.
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· Treinamento prático e direcionado para os colaboradores da fábrica e para a empresa controladora de pragas, visando maior eficácia nas ações de controle.
· Orientações estratégicas sobre as melhores práticas de prevenção, saneamento e escolha de inseticidas adequados para as pragas-alvo.
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